por Adrinajaya
Desde as origens das civilizações subcontinentais indianas, a dança ocupa uma posição singular e essencial, enquanto veiculo de preservação de suas tradições ancestrais.
Sendo considerada de origem divina, como manifestação existencial de Shiva (o Deus dançarino), a dança esteve enraizada desde os seus primórdios, a cultos de adoração a natureza e aos seus ciclos. Na Índia ela é reconhecida como uma das mais completas formas de Yoga (união), reunindo os oito estados (ashtanga) da realização yogi: Yama (abstinência), Nyama (observação/conduta), Asana (postura), Pranayama (respiração consciente), Pratyahara (desligamento da percepção exterior), Dharana (concentração), Dhyana (meditação) e Samadhi (contemplação, onde dançarino e dança se convertem em UM).
Com este enfoque espiritualista, as danças clássicas indianas se desenvolveram ao longo dos séculos dentro de um contexto devocional, primordialmente templário.
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Entre VI e XIII DC, período conhecido como a Era de Ouro da dança indiana, a comunidade das Devadasis (Deva = Deus – Dasi = Serva), ou dançarinas templárias (Dasi = Serva – Atam = Dança), atingiu o ápice de sua expressão na sociedade. De múltiplas origens sociais, as Devadasis constituíram um grupo social a parte do sistema de castas hinduísta. Eram em grande parte, oferecidas aos templos ainda na infância, por famílias de Brahmins (alta casta) como um gesto devocional, como também, havia aquelas recolhidas de situações mais desfavorecidas. Independente de suas origens, deviam cumprir com o perfil e apresentar as aptidões requeridas. Também, aquelas que eram filhas das Devadasis, eram potenciais continuadoras da tradição, já que ainda que fossem sacerdotisas e habitassem nas premissas templárias, em muitos casos eram livres para constituir suas famílias e escolher seus parceiros.
Entre VI e XIII DC, período conhecido como a Era de Ouro da dança indiana, a comunidade das Devadasis (Deva = Deus – Dasi = Serva), ou dançarinas templárias (Dasi = Serva – Atam = Dança), atingiu o ápice de sua expressão na sociedade. De múltiplas origens sociais, as Devadasis constituíram um grupo social a parte do sistema de castas hinduísta. Eram em grande parte, oferecidas aos templos ainda na infância, por famílias de Brahmins (alta casta) como um gesto devocional, como também, havia aquelas recolhidas de situações mais desfavorecidas. Independente de suas origens, deviam cumprir com o perfil e apresentar as aptidões requeridas. Também, aquelas que eram filhas das Devadasis, eram potenciais continuadoras da tradição, já que ainda que fossem sacerdotisas e habitassem nas premissas templárias, em muitos casos eram livres para constituir suas famílias e escolher seus parceiros.
É importante ressaltar que na Índia antiga a sexualidade não esta dissociada da espiritualidade, mas contida nela. Por outro lado, era também comum casos de celibato integral (brahmacharya) dentro da comunidade.
Tudo indica que as Devadasis ocupavam uma posição privilegiada na sociedade. Eram protegidas pelos reis e presenteadas frequentemente com propriedades, jóias e sedas. O que as levava a disfrutar de uma vida proeminente.
O Treinamento – Devadasi Sadhana
Ao serem aceitas nos templos pelos sacerdotes, as pequenas Devadasis eram casadas com Deus (em maioria Shiva), quando passavam pelo simbolico ritual do Tali, ou colar matrimonial, e então eram adornadas nos ombros com motivos florais feitos de sândalo e henna.
Eram treinadas em música, dança, literatura clássica e sagrada (sânscrito), línguas regionais e serviços de ordem religiosa (puja), onde rituais sagrados e dança se fundiam em uma sublime síntese de espiritualidade e arte.
No primeiro dia de treinamento era obedecido um ritual em devoção ao Deus-Esposo, onde eram oferecidas guirlandas de flores perfumadas, frutas, incensos, se entoavam cânticos específicos, culminando em uma pequena cerimônia de reverencia ao mestre de dança do templo. Então uma vara de bambu envolvida em seda, (Talakoile) era sustentada horizontalmente (como uma barra de ballet) por duas Devadasis experientes, e a iniciada, ao som de silabas rítmicas recitadas pele mestre (Guru), segurando no bambu dava seus primeiros passos de dança, batendo os pés sobre uma camada de sementes de arroz. Desta forma “as sementes da arte eram nela plantadas”. Ao completar sete anos de vigoroso treinamento, em um auspicioso dia, de acordo com o alinhamento planetário, o Gajjai Puja, ou ritual de adoração das tornozeleiras, era então obedecido, quando a jovem Devadasi vestia suas tornozeleiras de guizos pela primeira vez.
Conta a lenda de que Urvasi, uma ninfa celestial, estava dançando na corte de Indra, o Rei dos Deuses, quando seu olhar se cruzou com o olhar apaixonado de Jayanta, filho de Indra, fazendo Urvasi se desconcentrar da dança por um instante. Então o grande sábio Agatsya ao perceber isto, se enfureceu e amaldiçoou ambos, Urvasi e Jayanta. Ela teria que encarnar como uma Devadasi, e ele como uma arvore de bambu nas montanhas de Vindhya. Urvasi e Jayanta se ajoelharam ao pés do grande sábio e imploraram para que ele retirasse sua maldição. Piedoso, ele declarou que quando Urvasi alcançasse o momento de seu debut (Arangetram) como dançarina templária, ela seria apresentada com o Talakoile (o príncipe Jayanta em forma de bambu) e que no momento em que ela o tocasse a maldição se dissolveria e ambos voltariam à corte dos céus de Indra.